sábado, 22 de fevereiro de 2014

EPITÁFIO DE UM JUDEU EM TREBLINKA


Estou aqui e a cinza não morreu
é como o pó
que regressa às mãos divinas

Por que tive de ser um Judeu
dentro de um sobretudo preto e depois esquecer
os salmos, presos pelo fio da fome ?

Vendi o meu violino numa rua no gueto
e  ninguém pôde prometer nada
ao outro, nem sequer Deus.

23-02-2014

© João Tomaz Parreira  

Um comentário:

  1. Comovente e belo poema -, do começo ao fim -, que nos remete aos horrores de Treblinka, Auschiwitz, Belzec, Sobibór e outros campos de morte.
    Mais um olhar sobre o poema nos faz eleger versos de ternura intangíveis: "... a cinza não morreu / é como o pó que regressa às mãos divinas". E ainda mais belos (?): "Por que tive de ser um judeu... e depois esquecer os salmos, presos pelo fio da fome?" Fantásticos!
    Um poema-salmo.

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