segunda-feira, 31 de julho de 2017

A MULHER DE LOT





Presa a alguns vestidos, os únicos

Que a pressa arrancou de casa, sonâmbula

Na fuga da destruição, e indecisa

Entre um lugar e outro, um olhar e outro

Para trás onde a casa começa a derruir

Um rio de lava a morrer nos olhos

E a estrada em frente

O que pesa nos seus olhos

Que a levou ao fundo, um olhar para trás

E tornar-se um marco no caminho?

Um corpo salgado aonde as aves vão

Debicar o sal e deixar rastos de plumas

No corpo da mulher de Lot nenhuma vida

Agora se repete, é uma língua morta.


30/07/2017


©  João Tomaz Parreira

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